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Peabiru-PR
Palavra do padre
05/05/2017

Eu sou o Bom Pastor - Quarto Domingo da Páscoa

Reflexão ao Quarto Domingo da Páscoa

Queridos filhos e filhas, o 4º Domingo da Páscoa é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia nos propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor das ovelhas”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus, através da liturgia, põe-nos para a nossa reflexão.

 

O trecho do Evangelho é São João, capítulo 10, versículos 1 ao 10. Aqui, o Cristo é nos apresentado, por São João, como “o Bom Pastor” em contraposição aos “maus pastores” (forte alusão aos fariseus e mestres da lei com quem Jesus entra em atrito devido suas práticas religiosas contraditórias). A missão de Jesus é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.

 

O ambiente deste capítulo 10 de São João é dedicado à catequese sobre o “Bom Pastor”. O autor utiliza esta imagem para propor-nos uma catequese sobre a missão de Jesus, ou seja, a missão da obra do “Messias” consiste em conduzir os homens às pastagens verdejantes e às fontes cristalinas de onde brota a vida em abundância.

 

Esta imagem do “Bom Pastor” não foi inventada por São João em seu Evangelho. Este discurso simbólico está construído com materiais provenientes do Antigo Testamento. De maneira especial, este discurso nós o encontramos presente Ezequiel, capítulo 34 (onde se encontra a chave para compreender a metáfora do “pastor” e do “rebanho”). Assim, falando aos exilados da Babilónia, Ezequiel constata que os líderes de Israel foram, ao longo da história, maus “pastores”, que conduziram o povo de Deus por caminhos de morte e de desgraça; mas, diz Ezequiel, o próprio Deus vai agora assumir a condução do seu povo; Ele porá à frente do seu Povo um “Bom Pastor” (o “Messias”), que o livrará da escravidão e o conduzirá à vida. Em Ezequiel, assim, se encontra uma “profecia” sobre a vinda do Messias, como em muitas das páginas do Antigo Testamento, e, tal profecia, se constrói sobre essa imagem do “Pastor Bom”. Por que a imagem do Pastor? Simplesmente para se servir de uma imagem corriqueira do povo, o qual sendo agrário e criadores de rebanhos, ficava fácil a compreensão de como seria o futuro messias: como um pastor, cuidaria, protegeria e conduziria o seu “rebanho” pelos melhores caminhos e pastagens. 

A catequese que o 4º Evangelho nos oferece sobre o “Bom Pastor” sugere que a promessa de Deus, profetizada por Ezequiel, se cumpre em Jesus.

 

O texto do Evangelho de hoje está dividido em duas partes, ou em duas parábolas. Na primeira parábola (cf. Jo 10,1-6), Jesus apresenta-se preferencialmente como “o Pastor”, cuja ação se contrapõe à dos dirigentes judeus os quais se arrogam o direito de pastorear o “rebanho” do povo de Deus, mas sem serem “verdadeiros pastores”. Jesus não usa meias palavras: os dirigentes judeus são ladrões e bandidos (cf. Jo 10,1), que se servem das suas prerrogativas para explorar o povo (ladrões) e usam a violência para o manter sob a sua escravidão (bandidos). Aproximam-se do povo de Deus de forma abusiva e ilegítima, porque Deus não lhes confiou essa missão (“não entram pela porta”): foram eles que a usurparam. O seu objetivo não é o bem das “ovelhas”, mas o seu próprio interesse. Na segunda parábola (cf. Jo 10,7-9), Jesus apresenta-Se como “a porta”. Aqui, Ele já não é o pastor legítimo que passa pela porta, mas “a porta”. O que é que Ele quer traduzir com esta imagem? A imagem pode aplicar-se aos líderes que pretendem ter acesso ao “rebanho”, ou pode aplicar-se às próprias “ovelhas”. No que diz respeito aos líderes, significa que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver um mandato de Jesus, se não tiver sido convidado por Jesus; e significa também que ninguém pode ir ao encontro das “ovelhas” se não tiver os mesmos sentimentos, a mesma atitude de Jesus (que não é a de explorar as “ovelhas”, mas a de dar-lhes vida). No que diz respeito às “ovelhas”, significa que Jesus é o único lugar de acesso para que as “ovelhas” possam encontrar as pastagens que dão vida. “Passar pela porta” que é Jesus significa aderir a Ele, segui-l’O, acolher as suas propostas. As “ovelhas” que passam pela porta que é Jesus (isto é, que aderem a Ele) podem passar para a terra da liberdade (onde não mandam os dirigentes que exploram e roubam), onde encontrarão “pastos” (vida em plenitude).

 

Contudo, neste tempo pascal, o que precisamos é de “encontrar”, de fato, a Vida Nova e, para isso, somente Jesus nos pode levar a ela (Vida Nova). Ele, é o pastor que cuida de cada um de nós, suas ovelhas, que nos conduz às pastagens verdejantes; Ele é a porta pela qual nós podemos ter acesso à Vida e às pastagens (que são sinônimo de vida). Também, hoje, rezamos pelas vocações sacerdotais: peçamos ao Senhor, Bom Pastor, que envie Santos e Generosos pastores para o seu rebanho.   

Pe. Adailton Luduvico, CSF – Vigário Paroquial



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