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Peabiru-PR
Palavra do padre
17/02/2017

Somos chamados à santidade: "sede santos..." (Lv. 19, 2)

Reflexão ao sétimo domingo do Tempo Comum

 

“Sede santos porque Eu, o Senhor Vosso Deus, sou santo...” (Lv 19, 2)

 

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, a liturgia deste sétimo domingo do tempo comum se apresenta a nós com um grande apelo: sermos santos! Este apelo podemos ver na primeira leitura tirada do livro do Levítico, no antigo testamento. Tal livro, sua autoria, é atribuído a Moisés e leva esse nome porque contém a lei dos sacerdotes da tribo de Levi. É, por assim dizer, um livre de leis. A “lei máxima” para um fiel ao Deus Javé, um judeu descendente da tribo de Levi, é ser santo. Também hoje, para nós cristãos e cristãs de 2017, continua válido o que nos diz o livro de Levítico que nos é reafirmado pelo Concílio Vaticano II, na constituição dogmática “Lumen Gentium” (LG), nº 40, que “O Senhor Jesus, mestre e modelo divino de toda perfeição, pregou a todos e a cada um dos seus seguidores, de qualquer condição que fossem, a santidade de vida, de que Ele próprio é autor e consumador”. Assim, todos nós, os bispos, os presbíteros, os diáconos, os religiosos, as famílias, os leigos e aqueles que vivem oprimidos na pobreza, na fraqueza, na doença e “os perseguidos por amor à justiça” são chamados a serem santos (como nos lembra o sermão da montanha – evangelho do passado 4º domingo do tempo comum – Conf. Mt. 5, 10). Ainda que todos os cristãos sejam chamados à santidade, o Concílio entende que esta é correspondente à vocação e à missão específica de cada fiel. 

 

Quando pensamos na santidade, em nós também sermos santos, logo nos vem em mente as imagens dos muitos santos de nossa Igreja Pedro, Francisco, Clara, João, Catarina, Paula Elisabete... E, assim, tão logo pensamos que chegar a este estado de vida é algo distante de nós, para os homens e mulheres “daquele tempo...”, não para nós hoje. Mas, a santidade é sim, para todos nós. Então, de que maneira podemos ser santos? Olhemos a máxima deste domingo apresentada a nós pelo evangelista São Mateus. Jesus está conversando com seus discípulos e, então, lhes diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: Não resistais ao homem mau. Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda” (Mt 5, 38-39). Esta é a máxima para chegarmos à santidade, isto é, Jesus pede aos seus, e também a nós, que aceitemos inverter a lógica da violência e do ódio, pois esse “caminho” só gera egoísmo, sofrimento e morte. Isto significa “oferecer a outra face”. Não é um pedido para que sejamos “passivos” diante da violência e das coisas erradas do mundo, mas antes de tudo, a máxima para chegarmos à santidade, é que não entremos na lógica do mundo, mas na lógica de Deus: aprendermos a pagar o mal com o bem, assim se freia o mal e os projetos que não são de Deus.

 

Notemos que este trecho do evangelho deste domingo é, ainda, o capítulo cinco de São Mateus, o qual inicia-se com o sermão da Montanha (proposto a nós pela liturgia do 4º domingo comum). Neste, noo sermão das nove bem-aventuranças, Jesus apresenta-nos a lógica do Reino de Deus; uma lógica que rompe com a lógica do mundo: pobreza de espírito ao invés de espíritos inflados de egoísmo pelo acúmulo desmedido; justiça ao invés das injustiças que assolam o mundo; mansidão ao invés de ódio e pagamento com “a mesma moeda” as coisas erradas que nos fazem, etc... Hoje, continuando no espírito das bem-aventuranças, que é a lógica do contrário, a lógica do Reino de Deus, Jesus dirige-se aos seus discípulos e pede-lhes, ainda, o amor que não marginaliza nem discrimina ninguém (nem mesmo os inimigos): “amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus” (Mt 5, 44). Entretanto, a santidade é, ainda, uma questão de reconhecimento de que somos “templos e moradas de Deus e de seu Espírito” (Cf. 1Cor 3, 16 – 2ª leitura deste domingo). Ora, esta consciência cada cristão batizado pode ter em seu coração, pois no momento de nosso batismo recebemos o Espírito de Deus em nossa vida e, este mesmo Espírito, será confirmado posteriormente por cada cristão no momento de seu crisma.

 

Contudo, o chamado à santidade é para todos e, nós chegaremos a sermos santos de fato quando saberemos romper com a lógica do mundo e entrarmos na lógica de Deus, que pede de nós uma única coisa apenas: amar, amar e amar!!!!!

 

 

Pe. Adailton Luduvico, CSF – vigário paroquial e formador

ad.luduvico@yahoo.com.br  

 

 

 

 

 

  



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