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Peabiru-PR
Palavra do padre
19/10/2016

I° Capítulo: A Transformação missionária da Igreja

Seguindo a nossa proposta para essa reta final, segue o primeiro capítulo da Evangelii Gaudium:

 

Capítulo I: A Transformação missionária da Igreja

 

Uma “Igreja em saída” é o mandato do Papa Francisco no primeiro capítulo da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (EG) intitulado de “A Transformação Missionária da Igreja”. “Na Palavra de Deus, aparece constantemente este dinamismo de ‘saída’, que Deus quer provocar nos crentes” (EG, 20), por exemplo: Abraão, aceitou o chamado para partir rumo a uma nova terra (cf. Gn 12,1-3); Moisés ouviu o chamado de Deus: “Vai; Eu te envio” (Ex3,10); e Jeremias obedeceu as instruções do Senhor: “Irás aonde Eu te enviar” (Jr 1,7).

 

Depois de sua ressurreição, Jesus se apresentou muitas vezes aos apóstolos reforçando a fé deles e preparando-os para o início de uma grande missão evangelizadora, que lhes confiou de modo definitivo antes de sua ascensão ao céu: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Nesse “ide” de Jesus, estão presentes os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja. Experimentar e propor aos outros a salvação alegre que Cristo ressuscitado oferece e os meios dos quais se serve são a vocação de todos os cristãos, além da razão de ser da Igreja. Ora, se a missão própria dos cristãos é a de anunciar a alegria do Evangelho, então, o próprio objetivo configura também as formas nas quais esta se manifesta. Desse modo, cada cristão e cada comunidade eclesial deve discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede para sair da própria comodidade para, com coragem e criatividade, trazer uma conversar pastoral e alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho: “A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade” (EG, 27).

 

O Papa Francisco pede ainda que a Igreja seja sempre “a casa aberta do Pai”, onde todos possam participar de alguma forma da vida eclesial privilegiando o anúncio aos pobres, doentes, desprezados e esquecidos. No fim do capítulo ele repete o que disse muitas vezes como Arcebispo de Buenos Aires: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. Mais do que o temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção, nas normas que nos transformam em juízes implacáveis, nos hábitos em que nos sentimos tranquilos, enquanto lá fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’ (Mc 6,37)”.

 

Pe. Alexandre Surdi, CSF



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